top of page
Foto do escritorDani Celino

De costura em costura a história vai se alinhando





"- Ele não está vestindo nada!...

- O imperador está nu!"

A Roupa Nova do Imperador

Hans Christian Andersen


Este é um trecho do conto “A roupa nova do Imperador”, publicado pelo dinamarquês Hans Christian Andersen, em 1837. O conto relata a história de um Imperador que amava vestir-se bem e com as mais belas roupas e fora enganado por trapaceiros que fingiam ser tecelões e lhes prometeram a mais bela roupa e com propriedades mágicas: era invisível para quem não estivesse à altura de seu posto ou fosse estúpido o suficiente. O resultado dessa trapaça já vimos no começo do texto, né!

Já imaginou o mundo sem costura? Sem costureiros? Sem linhas e agulhas? Não queremos terminar como o pobre Imperador, já pensou?!

Estamos tão acostumados com a costura no nosso dia a dia que nos esquecemos que costurar é um tipo de arte essencial para todos nós.

A costura na história da humanidade não tem um ponto exato de começo. Sabe-se que há mais de 30 mil anos, lá na Idade da Pedra, ossos e marfim eram utilizados como agulhas. Há registros também, que há mais de cinco mil anos a produção de tecidos era realizada com pelos e couro de animais de caça ou os domesticados.

No período neolítico, na cidade de Çatal Hüyük, recém-descoberta por historiadores, há registros da estética das vestimentas e do reconhecimento e valorização da profissão de costureiro, semelhantemente às futuras civilizações que surgiriam: egípcias, sumérias e persas. Os costureiros destas épocas tinham muito valor e eram vistos como um profissional de muita importância. Se vestir bem era sinônimo de riqueza e poder.

O período da Idade Média, principalmente na Europa, também supervalorizava a profissão de costureiro. Por conta do forte frio europeu, túnicas de algodão começaram a ser confeccionadas e os costureiros ou alfaiates eram constantemente requisitados. Como forma de expressar riqueza e poder, as roupas eram confeccionadas com tecidos caros, pedras preciosas e joias, dessa forma, alçava mais encomendas o artesão mais criativo, o que tornou a atividade de costura lucrativa e concorrida.

Até o período da Revolução Industrial (Inglaterra, século XVIII), a costura ainda apresentava um carácter artesanal, todas as roupas produzidas eram feitas à mão, em máquinas de tear e por alfaiates. Com o advento tecnológico da Revolução Industrial, foram criadas máquinas que realizavam a costura de forma rápida, padronizada e em escala, o que era impossível para os alfaiates.

Thomas Saint, em 1790, idealizou e patenteou a primeira máquina de costura, cujo objetivo era o de costurar calçados de couro. Já a primeira máquina de costura industrial voltada para o vestuário foi criada e patenteada pelo alfaiate francês Barthelemy Thimmonier, em 1830, dando início à costura industrial de roupas.

Esta invenção gerou muitos conflitos entre os demais alfaiates, pois eles não davam conta de alcançar o ritmo das empresas e, dessa forma, começaram a perder encomendas. Tamanha foi a confusão que muitos alfaiates realizavam protestos contra as indústrias de roupas a ponto de incendiarem as máquinas de Barthelemy. Este, precisou fugir da França depois de receber inúmeras ameaças de morte vindas da classe dos costureiros, tamanha fora a revolta deste grupo de trabalhadores.

Ainda assim, a produção em massa pelas indústrias de roupas e derivados para a população cresceu e alcançou altos patamares. Contudo, a mesma produção em massa, por muitas vezes não atingir os gostos pessoais tão profundamente, possibilitou a continuidade da costura artesanal. As roupas padronizadas passaram a ser usadas pelas pessoas de poder aquisitivo menores, enquanto os indivíduos da alta sociedade de maior poder aquisitivo começaram a procurar os alfaiates para obterem exclusividade em seus vestuários, essa busca por distinção contribuiu para o início da Alta-costura que até hoje se mantém firme e forte.

No campo industrial, muitas melhorias aconteceram e as máquinas aumentaram suas produções, diminuindo o tempo de execução e oferecendo maior variedade no repertório das roupas. Em 1850, o americano Isaac Merrit Singer, lançou uma máquina de costura com melhorias no pedal e no modo como a agulha se movia na máquina, abrindo o caminho para a criação de diferentes tipos de máquinas de costura como a zig-zag, overloque, elastiqueira, dentre outras.

Mas, apesar da industrialização, a costura não perdeu seu valor artístico e criativo, pelo contrário, melhorou sua produção. Com o passar dos anos o mercado da moda, que tem uma profunda ligação com a costura, tem movimentado milhões na economia mundial, baseado na criatividade dos seus criadores. Diferentes cursos estão disponíveis para todos os tipos de costura e manuseio das máquinas.

Além do mais, máquinas de costura pessoais são fáceis de serem adquiridas, dando condições de criação de roupas e outras peças sem sair de casa.


E o que a Amor com Papel tem a ver com toda essa história?

Tem tudo a ver!

Todos os produtos da Amor com Papel são confeccionados manualmente e com diferentes tipos de costuras nas encadernações, então, podemos dizer que fazemos parte deste incrível processo histórico, ainda que por um outro ponto de vista da costura, mas com grande influência dessa fantástica arte.


Dá uma conferida no site e veja os lindos trabalhos realizados!!


Obrigada por compartilhar desta leitura e saiba que será sempre bem-vindo(a) por aqui!

Fique à vontade para comentar e interagir conosco!






VENTURA, Elvira Cruvinel Ferreira. O rei está nu?: pensando fenomenologicamente A roupa nova do imperador. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro , v. 2, n. 1, p. 01-11, Mar. 2004.


CABRAL, Kenia Moreira. A linguagem da moda: uma história de revoluções – da alta costura ao prêt-à-porter (1858 – 1960). Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça: SC, 2006.

13 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


  • Instagram
  • Facebook
  • Twitter
  • YouTube
  • TikTok
bottom of page